terça-feira, 31 de maio de 2011

O AVIÃO QUE SE RI

Verão, Junho de 2009 no calendário romano. O tempo convida a partir e a sonhar. Terra, mar ou ar? A pergunta fica no ar, mas já vai descer à terra.

Entra agora a personagem principal. Chama-se NÃOSÔOÚNIKO, tem nove irmãos e pertence à família BAIPASSEAR. Olhos grandes, tronco comprido, vestido de roupas vistosas: vermelho, laranja e dourado; o cinzento completa o quadro e vinca o contraste. Não se trata de uma pessoa qualquer. Não senhor. Já vão ver porquê. Pergunta, então, amigo leitor. Porquê?

Porque tem umas asas enormes, uma cabine de pilotagem, uma imponente fuselagem, um leme, um trem de aterragem e até mesmo umas coisas estrangeiras como um aileron engraçado, uns flaps amigos (o que é que isso?) e um divertido joystick. Adivinharam. É um avião e parece dar sorte. E ocasiões havia em que se ria de contente.

O Joaquim é calvo, parece o senhor professor Sérgio Carvalho. Fala pouco e tem barriga, por isso coloca sempre a peça de roupa do tronco por fora das calças. Traz uns “largueirões” de uns calções amarelos às riscas vermelhas e verticais, uma t-shirt azul “vévé” com letras brancas na frente a dizer Good Bye. Por fora dos calções.

Por sua vez, a Celestina, é alta e forte e espirra simpatia por todo o lado. O cabelo é o

seu ai Jesus, loiro, muito loiro, comprido e encaracolado, aos cachos, como nas revistas das cabeleireiras. A cara triangular está afogada em maquilhagem. Seja como for, a Tina sente-se muito bem na sua pele, com uma auto-estima do tamanho do morro do pão-de-açucar. E gesticula muito, e fala muito com as mãos e tem uns trejeitos esquisitos nos olhos e na cara.

O espaço vai de Lisboa ao Rio de Janeiro, para residir em Copacabana. Há ainda o ar e o interior do avião, para responder à questão situa a acção no espaço.

O Quim e a Tina tinham tido uns arrufos e andavam magoados um com o outro. A Tina chamava-lhe “as arrufas”, o mesmo nome de uns doces populares em formato de patela daquelas de jogar as malhas ou o bicho. No fundo, bem no fundo da questão (e da razão, até talvez, sabe-se lá), iam tentar recuperar a chama acesa do amor e da paixão, pois claro e pois então. Queriam ser muito, muito amigos e cada um deles já imaginava como iria decorrer a estadia por terras de Santa Cruz.

As expectativas e as projecções cumprir-se-iam. Beijinhos e mais beijinhos e sucedâneos: as “jokinhas”, os “jinhos, os “abreijos” e por aí fora… Sempre, sempre de mãos dadas, enlaçados e “tanchados” um no outro, sorrisos inocentes nos lábios, misturados com aquela loucura pueril, emotiva e sentimental.

O NÃOSÔOÚNIKO aterrou no aeroporto da Portela, em Lisboa. Dentro dele sairia aquele casal renovado e feliz. Parece que a medicação foi mesmo a estadia de 15 pequenos dias no hotel TASSEBEM, uma das aliciantes propostas da BRACANCES, a sua agência de viagens com promoções exclusivas. A Tina, sempre com uma vontade de encontrar uma explicação para o que quer que seja, teimava em que o avião é que deu sorte. E, apontando para o NÃOSÔOÚNIKO, gritou feliz ao Quim: - Olha, Kikas, o avião está-se a rir!...

Andreia Ribeiro

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