Um dia, numa terra muito distante, onde caía neve e as árvores tremiam de frio, estava um belo flamingo a passear nas margens de um riacho.
De pescoço comprido, pernas longas de lentilhas, de barriga cheia de arroz, penugem de feijão e ainda com um olho de feijão branco, andava de um lado para o outro, a ave exótica em plena aldeia histórica portuguesa de Piódão.
O flamingo quase não tinha amigos, pois a andorinha, que tinha conhecido na Primavera, foi-se embora. Como estava sozinho, dedicava-se à pesca. Mas exagerava e passava o tempo todo a comer! Já não estava em forma porque engordou cinco quilos num mês.
Os peixes, que até não eram muitos, não estavam a gostar do que estava a acontecer. A lampreia, zangada, decidiu falar com a ave. Aconselhou-a a variar a alimentação e a comer leguminosas. Afinal, não havia muitos peixes neste riacho. O cardume estava a ficar reduzido.
Porém, o senhor flamingo não gostou da conversa e continuou a comer peixe. Adorava o ruivo, a solha e o sável!
Então, a enguia, o sável e a solha reuniram-se e prepararam uma armadilha: uma teia de algas onde se escondiam peixes vistosos. Quando o flamingo tentasse apanhar um deles, peixes pequenos e grandes que seguravam a teia e puxá-la-iam para que o flamingo caísse na água.
Num belo dia, o flamingo avista um peixe e zás que já está com ele na boca! Mas todos os peixes puxaram a rede que prendia o seu amigo e a ave ficou com o pescoço na água. De repente, largaram a teia e o flamingo caiu para trás na terra. Ficou magoado e as penas todas esmagadas. Ficou muito triste e chocado.
O que aconteceu? Que peixe era aquele? - Pensou a ave. Afinal, a lampreia tinha razão: era necessário mudar a sua alimentação porque comer apenas peixe já não era saudável!
O flamingo aprendeu a lição. Não voltaria a comer peixes em grandes quantidades. Apenas uma ver por semana.
David Parente
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