REVOLUÇÃO DE ABRIL
Quando
saía da escola, o João ia à oficina do pai que pintava quadros.
O
João, quando entrava lá, ficava feliz porque havia muitos mistérios.
O pai
de João, certo dia, pintou um quadro diferente.
Era
uma espingarda com uma enorme flor vermelha muito viva.
Era o
cravo da história da nossa liberdade, do 25 de Abril, do dia que nasceu em
Portugal.
O pai
do João começou a falar dos tempos de antigamente, quando o nosso país era
diferente.
Nessa
altura, se as pessoas não gostassem do governo, tinham de ficar caladas. Muitos
não gostavam e, por isso, eram presos.
Dizem
que em Portugal e em Espanha, as ditaduras duraram mais tempo.
O pai
do João fazia gestos largos e abraçava o ar como se estivesse a agarrar o
mundo. Portugal era, cada vez mais, um país atrasado e triste.
O pai
do João ficou algum tempo calado e triste, de olhos postos no quadro.
Tínhamos
uma guerra nas colónias que hoje são países onde se fala português, Angola,
Moçambique, cabo verde, Guiné-Bissau, e são Tomé e príncipe. Os povos de
África queriam mandar nas terras que já tinham sido dos pais, dos avós, dos
pais dos avós.
Em
1974 os portugueses viviam ainda na mais longa ditadura que durava quase há
cinquenta anos.
No dia 25 de Abril de 1974
foi a ”Revolução dos Cravos”. Salgueiro Maia foi o grande herói do 25 de Abril. As tropas
devolveram Portugal a todos os portugueses.
O pai
do João foi a um armário e tirou de lá uma revista, muito velhinha, com as
folhas um pouco amarelas. Quando a abriu estava cheia de fotografias a preto e
branco, como a televisão daqueles tempos.
Para
se fazer uma revolução, tem de haver muita gente do mesmo lado. O 25 de Abril
tinha sido só um golpe do estado. Os militares tomaram o quartel do Carmo sem
que um só tiro fosse disparado. Marcelo Caetano soube que não mandava mais,
rendeu-se e entregou o poder a um general chamado António de Spínola, que veio
a ser presidente da república.
Em 25
e Abril, o país acordou para uma vida diferente. A liberdade era uma coisa
nova, as pessoas tiveram de se habituar a ela devagarinho.
Essa
é a maior lição do 25 de Abril. “Um dia, também tu vais ter o poder de decidir
com o teu voto, o que queres para o nosso país.
Disse
o pai ao João. E acrescentou: “Se não o fizeres, os outros vão decidir por ti e
quando os outros
decidem por nós, não somos livres”.
Resumo do livro
“A flor de Abril - uma
história da revolução dos cravos”
de Pedro Olavo Simões.
Cláudia Franco
Grupo 4
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