Apreciação
crítica da leitura da obra O Barquinho
Amarelo, da escritora Cidália Fernandes, com simples, mas engraçadas e
ternurentas ilustrações de Simona Traina.
Era
uma vez um pequeno barco de madeira, pintado de amarelo, já com o casco
bastante seco pelos anos, e que morava numa praia. Chamava-se Barquinho
Amarelo. Este adorava o verão, altura do ano em que o areal se enchia de pessoas,
de crianças a brincarem, de guarda-sóis coloridos e, por isso, de muita
alegria. Pelo contrário, sempre que o tempo bom ia terminando, começava a
entristecer-se porque a praia já não tinha a animação anterior, o que o fazia
sentir-se muito sozinho.
Num
desses dias, chorou copiosamente. A sua amiga de longa data – a Gaivota
Branquinha – ficou preocupada e foi conversar com ele. Depois de alguma
insistência por parte dela, o Barquinho Amarelo lá conseguiu dizer, por entre
soluços, que o motivo de tanta tristeza era o facto de o inverno ser triste e
longo. Já não havia meninos a brincar, portanto a alegria dos dias de sol não
existia…
A
sua amiga concordou, mas tentou animá-lo, limpando «as grossas lágrimas que
caíam dos olhos do Barquinho Amarelo». Mais do que isso! Apresentou-lhe a
solução para tornar as noites de inverno menos tristes e longas. Sabem qual
foi? Depois de algum suspense que criou no seu amigo, fez a revelação. Assim,
como ele era um excelente contador de histórias e ela uma excelente ouvinte,
sugeriu que lhe contasse algumas das muitas que sabia. Deste modo, não se
sentiriam tão sozinhos.
O Barquinho Amarelo ficou feliz e
agradeceu à amiga pela grande ideia! E começou, então, a contar histórias,
depois de se «acomodar confortavelmente na areia ainda morna». A primeira foi a
do Irmão mais novo. Com esta história
ficámos a saber que o Nuno, um miúdo com cerca de sete anos, apareceu sozinho
na praia e se sentia revoltado pelo facto de ter sido filho único até àquela
altura e de os pais decidirem que iria ter um irmão. O Nuno estava com ciúmes,
porque, na sua opinião, os pais, a partir daí, só iriam dar importância ao
irmão, que iria chamar-
-se Joãozinho. Então, o Barquinho Amarelo
explicou-lhe que «por muitos filhos que os pais tenham, amam-nos a todos da
mesma maneira.», entusiasmando-o com as futuras brincadeiras com o irmão.
Entretanto, os pais apareceram, procurando-o com preocupação, o que lhe mostrou
que estes o amavam, apesar do irmão que estava para nascer.
Seguiu-se
a história da Boquinhas, que era uma
pequena tartaruga. Esta, numa noite de tempestade do inverno, caiu ao seu lado,
assustada e tonta. Estava de patinhas para o ar e não conseguia endireitar-se.
O Barquinho Amarelo ajudou-a, ela agradeceu e apresentaram-se um ao outro. A
Boquinhas contou que estava incumbida de uma missão: fazer um apelo aos seres
humanos a pedido da C.T.D.M., que significa Comunidade das Tartarugas para a
Defesa do Mar. Ah! A Boquinhas, que se chamava assim pela sua facilidade em
expor os assuntos, falava sempre por siglas. O apelo era o seguinte: Não deites lixo no Mar, pois ele pode sempre voltar!
Para a Boquinhas, as pessoas tinham
de ser alertadas no inverno para que no verão cumprissem as regras « (…) têm que refletir sobre a
mensagem e torná-la parte integrante da sua vida, como lavar os dentes ou as
mãos.» Afinal,
«A praia e o mar pertenciam a toda a gente e
ninguém tinha o direito de destruir o que a todos pertencia.»
O
Barquinho Amarelo afirmou que estava solidário com a nova amiga e prometeu que
faria tudo o que fosse possível para ajudar numa causa que é de TODOS: «Todos
temos que colaborar.»
Antes
da terceira história, intitulada O
Escaravelho músico, surge ainda a Toupeira Tupi, que desconhecia a luz e o
cheiro do mar, que falou um pouco de si, da sua falta de visão e da sua função
« (…) limito-me a escavar galerias no solo à procura de
alimento, vermes e insectos.» No entanto, naquele momento deixou escapar, na
conversa com a Gaivota Branquinha, que tinha de procurar o fémur de um
dinossauro!! Explicou o que tinham sido os dinossauros. Assim, também
aprendemos o que eram esses répteis que viveram há milhões de anos e quais as
razões para o seu desaparecimento.
A
última história que o Barquinho Amarelo contou apertou-nos, inicialmente, o
coração… O Barquinho Amarelo falou de um casal com duas crianças e com um
pequeno cachorro castanho, num dia cheio de calor e de sol. Mas ao final do
dia, o cachorrito tinha sido deixado sozinho na praia, o que preocupou o
Barquinho, quando o percebeu. Este perguntou ao cãozinho o que lhe tinha
acontecido para estar nervoso, triste e sozinho. O cachorrinho respondeu que os donos o tinham abandonado,
porque precisavam de ir passar férias ao estrangeiro e não havia ninguém que
pudesse ficar com ele. Infelizmente, é o que acontece muitas vezes, durante o
período de férias, como sabemos! Mas, de repente, o Barquinho Amarelo arranjou
uma solução para o Fofinho – assim se chamava o cachorro – não ficar sozinho. O
Barquinho lembrou-se do Nuno, o menino da primeira história, que gostava imenso
de animais. O Fofinho ficou muito feliz com a notícia. No dia seguinte, o Nuno
ficou deliciado com o Fofinho e disse ao Barquinho que « (…) o cachorrinho tinha vindo na altura ideal uma vez
que queria oferecer uma prenda ao irmãozinho que já tinha nascido.» Seria um
maravilhoso presente!
Neste
simples, mas rico livrinho, realçámos o valor da amizade, porque relativamente a
este grande sentimento aparecem muitas referências ao longo da obra, como as
que vamos deixar, como exemplo, no final desta apreciação:
“É preciso
cativar amizades!”
Grupo 5, junho 2012